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segunda-feira, julho 28
The Studio I, 1954, Alberto Giacometti "Não se aborda uma obra de arte - quem duvida? – como se aborda uma pessoa, um ser vivo ou outro fenômeno natural. Poema, quadro, estátua, exigem exame com um número de qualidades preciso. Mas passemos aos quadros. Nenhum rosto vivo facilmente se revela, e contudo basta um pequeno esforço para descobrir-lhe o significado. Penso – arrisco eu -, penso que o importante é isolá-lo. Só quando o meu olhar o destaca de tudo em redor, só quando o meu olhar (a minha atenção) impede esse rosto de se confundir com o resto do mundo evandindo-se numa infinitude de significações cada vez mais vagas, exteriores a si, ou quando, pelo contrário, obtenho a necessária solidão pela qual o meu olhar o recorta do mundo, então somente o significado deste rosto – pessoa, ser ou fenômeno – afluirá, condensando-se. Quero eu dizer, o conhecimento de um rosto, a pretender-se estético, tem que refutar a história. Para analisar um quadro são precisos maior esforço e uma complexa operação. Foi realmente o pintor – ou o escultor – quem por nós realizou essa dita operação. Assim nos é restituída a solidão do personagem ou objeto representados e nós, que olhamos, para a compreendermos e sermos por ela tocados, devemos ter experiência não da continuidade mas sim da descontinuidade do espaço. Cada objeto cria seu espaço infinito. Como disse, se olho um quadro, percebo-o na sua absoluta solidão de objeto enquanto quadro. Mas isso não me preocupa. O que interessa é o que a tela deve representar. Aquilo que eu pretendo decifrar nessa solidão é simultaneamente a imagem sobre a tela e o objeto (tela, moldura, etc), a fim de subtraí-lo à imensa família da pintura (mesmo que a devolva mais tarde) e a imagem sobre a tela estabelecer ligações com a minha experiência do espaço, com o meu conhecimento da solidão dos objetos, dos seres e dos aconteciementos, como acima me referi." O estúdio de Giacometti – Jean Genet |
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